 |
Geminiano da Fonseca em comemoração aos seus 108 anos |
Foi sepultado na
tarde de segunda-feira (04) no cemitério municipal, o corpo de um dos
centenários mais longevos que se tem noticia nas ultimas décadas em Pirabas. Geminiano
Fonseca, morador da comunidade de Inajá, faleceu por causas naturais no último
domingo por volta das 20 h, aos 110 anos de idade.
Testemunha ocular das
transformações do século passado, entre elas as duas grandes guerras mundiais,
o golpe militar de 64, a redemocratização do país, o inajauara Geminiano era
uma fonte imprescindível para quem pesquisava sobre a história do município,
pois sua idade permitia-lhe contar aos seus entrevistadores como se deu a
repercussão desses fatos em terras pirabenses. Em pesquisa concedida a este
blog, realizada no ano de 2010, Geminiano fez uma verdadeira volta ao tempo e
descreveu com riqueza de detalhes os fatos que ocorreram a nível global,
nacional e regional.
Nas suas lembranças,
narrou o pavor que os moradores sentiam do Zepellin, dirigível norte-americano responsável
pela interceptação aos submarinos alemãs no litoral paraense; a liderança e os
causos políticos de “magalhão Barata” (Magalhães); o sentimento de tristeza pela
perda da copa de 50, em pleno maracanã; deu boas gargalhadas ao lembrar do fenômeno
Chupa-chupa e contou diversos causos atribuídos ao rei Sabá.
Minha ida à sua residência
buscava informações sobre a revolta inajaura, novos elementos que pudessem confirmar
ou rechaçar o material que já havia prospectado. Para minha surpresa, estava
diante da mais brilhante memória daquele fato histórico objeto da pesquisa, com
muita lucidez e bom humor “Gemico” narrava com riquezas de detalhes os
bastidores da rebelião que viria a derrubar o presidente da colônia, o tenente Siqueira
Campos, no inicio da década de 40.
A revolta Inajaura
foi um movimento de resistência de pescadores liderados por Laurenço Castro da
Fonseca diante das arbitrariedades cometidas por Siqueira Campos à frente da colônia
de pescadores.
Sinto-me um
privilegiado por ter ouvido de uma testemunha ocular o relato de um dos
momentos mais marcantes da história do povo pirabense. História esta que não
perecerá com a sua partida.
Tomando por empréstimo
as palavras do escritor paraense Antônio Pinheiro Cabral, autor da saga em
tempos cabanos, faço uma singela homenagem ao seu Gimico: “Descanse o merecido sono
na morada dos valentes..”.
Geminiano deixa esposa D. Zita, filhos, netos, bisnetos, trinetos e tataranetos.