DENÚNCIAS
PODEM ALTERAR RESULTADO DE ELEIÇÃO EM PIRABAS.
ELEITOS
CORREM RISCO DE NÃO ASSUMIR MANDATO.
O município de São João de
Pirabas poderá vivenciar mais um fato inusitado envolvendo o seu parlamento.
Desta vez, dois dos candidatos que venceram as eleições, correm o risco de não
serem diplomados pela justiça eleitoral.
Toda essa instabilidade que
volta a assombrar o cenário político pirabense no pós eleição se dá devido a
denúncia oferecida pelo Ministério Público Eleitoral através de uma ação de
investigação judicial eleitoral - AIJE à 64ª Zona Eleitoral de Salinópolis, que
versa entre outras situações sobre o suposto abuso do poder econômico praticado
em favor das candidaturas de Adriana Costa da Fonseca e Adson Antônio Teixeira
Reis (MDB) pelo uso do programa habitacional “Sua Casa” e a inelegibilidade dos
envolvidos, além da investigação de Amarildo de Jesus Ferreira Pereira,
secretário municipal da cidade, responsável pela gestão do programa no
município.
Na ação a promotora
eleitoral Maria Cláudia Vitorino Gadelha pauta o mal uso do programa Sua Casa,
o antigo “Cheque Moradia”, coordenado pelo governo do estado através da COHAB,
que segundo os denunciantes serviu como “moeda de troca” para a prospecção de
votos, desprovidos de critérios técnicos, em flagrante desacordo com os
objetivos para qual o programa fora instituído. A promotora cita em suas
alegações que tanto Adriana, quanto Adson Reis realizaram eventos de lançamento
de campanhas com os beneficiários do programa, “fazendo com que os eleitores
acreditassem que sua participação nas reuniões assegurassem o recebimento do
referido benefício” – diz na ação.
Irregularidades
Ainda segundo a AIJE, nas
oitivas realizadas o MP apurou várias irregularidades na distribuição do
benefício, como pessoas que não se enquadravam nos critérios de renda, no
entanto foram contempladas com o “cheque moradia”; a demora (4 meses) por parte da empresa Moura
Materiais de Construção na entrega do material e o preço dos itens muito acima
do valor praticado no mercado regional, o que configura superfaturamento,
reduzindo acentuadamente a quantidade do material para a reforma ou construção
da unidade habitacional, o que foi considerado como um “desperdício de dinheiro
público.”
Em uma das oitivas, uma das
testemunhas relatou à promotoria que na ocasião em que acompanhava sua cunhada
(beneficiária do programa) na aquisição dos materiais, se viu obrigada a
intervir junto a empresa ao observar os valores dos itens muito acima da média,
ameaçando recorrer aos órgão competentes para denunciar o superfaturamento,
obrigando então a empresa alterar a nota fiscal dos materiais para os valores
praticados no mercado. Outra beneficiária que não quis se identificar confirmou
a mesma situação a esta reportagem.
Toda essa situação em prol da candidatura dos representados com a participação do secretário municipal Amarildo Pereira, diz a promotoria, “extrapolou os poderes regulares de gestão legítima da coisa pública, revestindo-se de patente ilegalidade, na medida em que afeta a liberdade de voto e compromete o equilíbrio da disputa eleitoral em igualdade de oportunidade”.
Cassação e Inelegibilidade
Diante dos fatos a
promotoria solicitou ao MPE da 64ª Zona Eleitoral de Salinópolis o deferimento da
tutela inibitória, liminarmente, com a
determinação da suspensão do Programa Sua Casa para que não sejam pagos os
benefícios que já estão em curso e a inclusão de novos cadastros e deferimentos
até o 31/12/24, o que foi negado pelo titular Antonio Moita Koury; a
notificação dos investigados para apresentação de defesa; a colaboração da
COHAB, SEFA e SEMUC nas investigações e a cassação dos diplomas de ADRIANA
COSTA DA FONSECA, ADSON ANTONIO TEIXEIRA REIS e a investigação da participação
de AMARILDO DE JESUS FERREIRA PEREIRA (esposo de Adriana), bem como a sanção de
inelegibilidade a todos os investigados, nos exatos termos do dispositivo legal
referido, bem como das multas constantes no § 4º do 73, ambos da Lei 9.504/97.
Adriana Costa e Adson Reis estão entre os mais votados nessa eleição (1º
e 3º respectivamente) eleitos pelo MDB.
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Outdoors espalhados no município exibem votação expressiva |
Resposta
Bem ativos nas redes sociais os candidatos investigados manifestaram-se
sobre a denúncia:
De São Paulo, onde realiza tratamento de saúde, Adriana Costa disse estar confiante na justiça. Enquanto Adson Reis divulgou nota:
Como diz o ditado popular, “cachorro mordido de cobra tem medo de linguiça”. Dizer que não dá em nada, é ignorar os últimos acontecimentos nos tribunais eleitorais, como o recente caso de fraudes na cota de gênero, que cassou centenas de vereadores em todo o Brasil eleitos em 2020, inclusive cinco edis do parlamento pirabense.
Tudo pode acontecer, inclusive nada. Enquanto isso, as investigações avançam...
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