quinta-feira, 26 de dezembro de 2024

Pirabas louva São Benedito

 

Marujada. Fé e resistência para manter a tradição.

Nesta época do ano quando a atenção dos religiosos, acadêmicos e dos amantes da cultura se voltam para a pérola do Caeté por conta das celebrações a São Benedito, sendo Bragança o epicentro das peregrinações, muitas outras manifestações acontecem na região em louvor ao “Santo Preto”. 




Longe da mídia e do destaque que são dados merecidamente a Bragança, muitas outras cidades e localidades também celebram a tradição beneditina, que resultou recentemente no reconhecimento da manifestação como patrimônio cultural do Brasil, no último mês de setembro, inserido no livro de registro das celebrações do IPHAN. Enquanto Bragança atrai uma multidão de peregrinos, não muito distante do seu centro histórico, a tradição do louvor a São Benedito espraiou-se por outras cidades que mantem a tradição viva. Na região dos caetés, Tracuateua, Capanema, Quatipuru, Augusto Correa, Primavera e Santarém Novo também se destacam à sua maneira de fazer os festejos da marujada.


O santo católico também se popularizou ao chegar em Pirabas e num passado não tão distante conheceu o seu apogeu como ícone da cultura popular por essas terras. Muitos foram os abnegados que contribuíram para esse momento, como a folclórica Maria Pajé, os ex vereadores Pedro Ivo da Luz, Jorge Ramos e do ex presidente da Colônia de Pescadores Z-8 Manoel Caíca, todos in memoriam.

A tradição que em Pirabas já teve seu apogeu cultural nos anos 70 e 80 do século passado, assim como ocorreu também em Bragança e Santarém Novo, a marujada de São Benedito passa por uma reestruturação, que vai do reconhecimento da identidade cultural e o sentimento de pertencimento por parte da comunidade local à transmissão dos valores e bens culturais às novas gerações.

Influenciada pelo pai desde a infância, Regiane Lago, capitôa da festa, é um exemplo de como essa tradição pode passar de geração em geração, produzindo não só a hierarquia máxima da festa como uma família inteira na organização da marujada, conta Anália Lago, membro da associação cultural responsável pelos festejos. A dedicação ao movimento cultural começa a render bons frutos. Pesquisadores da UFPA já demonstraram interesse em conhecer e registrar a manifestação beneditina como parte integrante das marujadas do Pará, hoje, patrimônio cultura e imaterial do Brasil.

Anália Lago, Adriane Rodrigues com devota de São Benedito.

Anália diz que a marujada não se trata apenas de fé, é também um instrumento de inclusão social e promoção do bem estar. Segundo Anália, as marujas aprendem a produzir os próprios laços e adereços que compõem o chapéu, gerando renda para as marujas-artesãs. 


Tocadores de S. Benedito

A Marujada de São Benedito é um dos eventos culturais de maior expressão no município. Na manhã desta quinta (26) o cortejo saiu as ruas com apresentação das marujas e marujos ao som dos cantos tradicionais de louvor ao santo preto. No início da tarde, a juíza da festa Adriane Rodrigues e família recebeu o cortejo para a sua apresentação no barracão, no bairro do Alegre, onde o tradicional almoço foi oferecido aos marujos, marujas, tocadores, comunidade e convidados.  

No período da tarde, a Marujada volta a se apresentar ao público para dançar o xote, mazurca, chorado e o retumbão, além da tradicional derrubação do mastro.