Marujada. Fé e resistência para manter a tradição.
Nesta época do ano quando a
atenção dos religiosos, acadêmicos e dos amantes da cultura se voltam para a pérola
do Caeté por conta das celebrações a São Benedito, sendo Bragança o epicentro
das peregrinações, muitas outras manifestações acontecem na região em louvor ao
“Santo Preto”.
Longe da mídia e do destaque
que são dados merecidamente a Bragança, muitas outras cidades e localidades também
celebram a tradição beneditina, que resultou recentemente no reconhecimento da manifestação
como patrimônio cultural do Brasil, no último mês de setembro, inserido no
livro de registro das celebrações do IPHAN. Enquanto Bragança atrai uma
multidão de peregrinos, não muito distante do seu centro histórico, a tradição
do louvor a São Benedito espraiou-se por outras cidades que mantem a tradição
viva. Na região dos caetés, Tracuateua, Capanema, Quatipuru, Augusto Correa,
Primavera e Santarém Novo também se destacam à sua maneira de fazer os festejos
da marujada.
O santo católico também se popularizou
ao chegar em Pirabas e num passado não tão distante conheceu o seu apogeu como ícone
da cultura popular por essas terras. Muitos foram os abnegados que contribuíram
para esse momento, como a folclórica Maria Pajé, os ex vereadores Pedro Ivo da
Luz, Jorge Ramos e do ex presidente da Colônia de Pescadores Z-8 Manoel Caíca, todos in memoriam.
A tradição que em Pirabas já
teve seu apogeu cultural nos anos 70 e 80 do século passado, assim como ocorreu
também em Bragança e Santarém Novo, a marujada de São Benedito passa por uma
reestruturação, que vai do reconhecimento da identidade cultural e o sentimento
de pertencimento por parte da comunidade local à transmissão dos valores e bens
culturais às novas gerações.
Influenciada pelo pai desde a infância, Regiane Lago, capitôa da festa, é um exemplo de como essa tradição pode passar de geração em geração, produzindo não só a hierarquia máxima da festa como uma família inteira na organização da marujada, conta Anália Lago, membro da associação cultural responsável pelos festejos. A dedicação ao movimento cultural começa a render bons frutos. Pesquisadores da UFPA já demonstraram interesse em conhecer e registrar a manifestação beneditina como parte integrante das marujadas do Pará, hoje, patrimônio cultura e imaterial do Brasil.
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Anália Lago, Adriane Rodrigues com devota de São Benedito. |
Anália diz que a marujada
não se trata apenas de fé, é também um instrumento de inclusão social e
promoção do bem estar. Segundo Anália, as marujas aprendem a produzir os próprios
laços e adereços que compõem o chapéu, gerando renda para as marujas-artesãs.
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Tocadores de S. Benedito |
A Marujada de São Benedito
é um dos eventos culturais de maior expressão no município. Na manhã desta
quinta (26) o cortejo saiu as ruas com apresentação das marujas e marujos ao
som dos cantos tradicionais de louvor ao santo preto. No início da tarde, a juíza
da festa Adriane Rodrigues e família recebeu o cortejo para a sua apresentação
no barracão, no bairro do Alegre, onde o tradicional almoço foi oferecido aos
marujos, marujas, tocadores, comunidade e convidados.
No período da tarde, a Marujada
volta a se apresentar ao público para dançar o xote, mazurca, chorado e o retumbão,
além da tradicional derrubação do mastro.
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