No "papo literário" autor comentou sobre a obra |
O choque cultural
entre diferentes regiões do Brasil, especialmente o contraste da Amazônia
Atlântica com o centro-oeste de Minas Gerais, a brusca mudança das belas e
paradisíacas praias do salgado paraense para as paisagens de montanhas,
fazendas de gado e plantações de café predominantes no interior mineiro. Esse é
o contexto geográfico descrito por Almerindo Tetel em seu primeiro livro
lançado pela editora Cambéua na noite de sábado (23) em evento realizado na
escola municipal de música “Afonso Camoeiras”.
Nesse enredo o
escritor natural de Cuiarana, município de Salinópolis descreve suas
experiências em solos “sulistas”, onde parte do livro se dedica a revelar a
indiferença e discriminação a qual o menino Tuary (seu personagem) e seus
irmãos foram submetidos. Somam-se a essas narrativas as dificuldades na
adaptação por conta do clima e culinária, as lembranças das paixões na
adolescência, as amizades, a saudade das cidades por onde passou em missão com
seus pais Ribamar e Fátima Dias (pastores evangélicos), a admiração e
perplexidade diante das grandes metrópoles do eixo mais desenvolvido do país e,
claro, a saudade das coisas paraoaras e o desejo latente de regressar às terras
nortistas banhadas pelo Atlântico.
O evento que reuniu
cerca de 70 convidados também contou com a presença e participação de artistas
locais e radicados no Brasil como o poeta português Kim Sousa, a poetiza
pirabense Luzia Farias e a escritora Ângela Pastana, além da participação
especial da cantora gospel Adriane Carvalho. Para a presidente do Instituto
Remar, professora Carmem Ceres, parceira da editora Cambéua na realização do
evento, o lançamento do livro de Almerindo Tetel é um incentivo para outros
escritores. “esse momento pode ser um
grande passo para revelar ao público, cada vez mais interessado pela literatura
regional, nossos escritores que ainda estão no anonimato” – enfatizou a
educadora.
Durante o papo
literário, onde o autor fez a apresentação do livro e respondeu a algumas
perguntas em conversa conduzida pela mestre de cerimonia Sombelle Souza e
vindas da plateia, sobre a obra, o autor revelou que toda a discriminação sofrida
foi vencida pelo poder da amizade, em resposta ao questionamento se a
hostilidade teria causado algum tipo de ressentimento contra os ‘sulistas’. “Venci a discriminação permitindo que me
conhecessem; essa foi a arma para vencer as hostilidades.”
Responsável pela
edição do livro, Luiz Liveira diz que a Cambeua surgiu com a proposta de
valorizar aquilo que parece comum. “o
cambeua é um peixe de aspecto feio, sem valor comercial, mas, que na entre safra
é quem resolve a fome do caboclo praiano” – brinca o editor. Segundo
Liveira, a Cambeua vai oportunizar ao escritor anônimo a possibilidade de ter
seu trabalho publicado.
Serviço:
O livro pode ser adquirido pelo contato: 98815-4528
Preço: R$ 15,00
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