terça-feira, 5 de março de 2019

Memória da história de Pirabas, Geminiano Fonseca morre aos 110 anos.


Geminiano da Fonseca em comemoração aos seus 108 anos
Foi sepultado na tarde de segunda-feira (04) no cemitério municipal, o corpo de um dos centenários mais longevos que se tem noticia nas ultimas décadas em Pirabas. Geminiano Fonseca, morador da comunidade de Inajá, faleceu por causas naturais no último domingo por volta das 20 h, aos 110 anos de idade.

Testemunha ocular das transformações do século passado, entre elas as duas grandes guerras mundiais, o golpe militar de 64, a redemocratização do país, o inajauara Geminiano era uma fonte imprescindível para quem pesquisava sobre a história do município, pois sua idade permitia-lhe contar aos seus entrevistadores como se deu a repercussão desses fatos em terras pirabenses. Em pesquisa concedida a este blog, realizada no ano de 2010, Geminiano fez uma verdadeira volta ao tempo e descreveu com riqueza de detalhes os fatos que ocorreram a nível global, nacional e regional.

Nas suas lembranças, narrou o pavor que os moradores sentiam do Zepellin, dirigível norte-americano responsável pela interceptação aos submarinos alemãs no litoral paraense; a liderança e os causos políticos de “magalhão Barata” (Magalhães); o sentimento de tristeza pela perda da copa de 50, em pleno maracanã; deu boas gargalhadas ao lembrar do fenômeno Chupa-chupa e contou diversos causos atribuídos ao rei Sabá.

Minha ida à sua residência buscava informações sobre a revolta inajaura, novos elementos que pudessem confirmar ou rechaçar o material que já havia prospectado. Para minha surpresa, estava diante da mais brilhante memória daquele fato histórico objeto da pesquisa, com muita lucidez e bom humor “Gemico” narrava com riquezas de detalhes os bastidores da rebelião que viria a derrubar o presidente da colônia, o tenente Siqueira Campos, no inicio da década de 40.
A revolta Inajaura foi um movimento de resistência de pescadores liderados por Laurenço Castro da Fonseca diante das arbitrariedades cometidas por Siqueira Campos à frente da colônia de pescadores.

Sinto-me um privilegiado por ter ouvido de uma testemunha ocular o relato de um dos momentos mais marcantes da história do povo pirabense. História esta que não perecerá com a sua partida.

Tomando por empréstimo as palavras do escritor paraense Antônio Pinheiro Cabral, autor da saga em tempos cabanos, faço uma singela homenagem ao seu Gimico: “Descanse o merecido sono na morada dos valentes..”.   

Geminiano deixa esposa D. Zita, filhos, netos, bisnetos, trinetos e tataranetos.

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