Saída da igreja de São Pedro |
A comunidade católica
do município de São João de Pirabas, saiu em procissão na manhã de domingo (28/10)
para comemorar mais um Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Este ano, o evento
religioso, segundo a coordenação da paróquia de São João Batista, reuniu
aproximadamente 4 mil pessoas num percurso de 2,7 km, com saída da igreja de
São Pedro, para onde a imagem peregrina foi transladada na noite anterior.
Durante a romaria
pelas ruas da cidade, centenas de pessoas que acompanhavam a berlinda
manifestavam sua fé e devoção levando réplicas de imagens da santa homenageada,
casas, embarcações e ou outros objetos
que pudessem traduzir a gratidão pela graça alcançada. Pessoas como a dona de
casa Lídia Soares da Silva, 26, que acompanhou toda a romaria carregando uma
casa confeccionada com peças de miriti e papelão, por ter conseguido a casa
própria. “Eu não tinha uma casa pra morar, aí eu pedi a nossa senhora que me
ajudasse. Graças a ela conquistei esse sonho e, hoje, estou pagando minha
promessa” – revelou a moradora da comunidade do Açaí, zona rural do município.
Por onde passava a
imagem de Nossa Senhora de Nazaré, conduzida por uma berlinda, em a forma de
navio, construído com peças metálicas de um flutuador de avião, recebia
homenagens de funcionários públicos, de empresas e de inúmeras famílias que no
dia da procissão enfeitam suas casas para prestigiar a passagem da imagem.
Após cumprir todo o
percurso em 2 h e 30 min, a berlinda chegou à praça da Matriz por volta das
10h, sendo recebida pelo padre José Nunes, que antes da missa de encerramento,
ergueu a imagem da mãe de Jesus em direção à multidão, na tradicional benção
aos romeiros.
O Círio de Nazaré que
neste ano completa a 70ª edição, teve com tema “Ser do jeito de Jesus rumo à
casa do pai, fazendo tudo o que ele vos disser”.
História
O Círio de Nazaré, além de
ser a maior manifestação religiosa do município, é marcado também por seu
significado histórico para a comunidade pesqueira, já que o município é um dos
maiores produtores de pescado do país. Segundo relatos oficialmente
reconhecidos pela paróquia local, o Círio de Nazaré originou-se da maior
revolta popular registrada na história da sociedade pirabense.
Pescadores
sentindo-se perseguidos com os altos impostos cobrados pela colônia de
pescadores e, da forma arbitrária com que essas cobranças eram feitas, muitas
vezes seguidas de prisões e espólio compulsório dos poucos artefatos de pesca que
possuíam, deflagraram uma violenta rebelião que quase culminou com a morte do
então presidente da entidade, conhecido como Siqueira Campos, que precisou
fingir-se de morto para não perecer nas mãos dos revoltosos.
Este acontecimento,
no início da década de 1940 causou grande preocupação às famílias da então vila
de Pirabas, que não imaginavam as proporções e os desdobramentos que o caso
teria. Foi nesse clima de instabilidade, no plano temporal, que a fé e a
devoção de um grupo de pessoas lideradas por Percíliana Batista, pediram a
intervenção da rainha da Amazônia para solucionar o conflito. A animosidade
entre colônia e pescadores cessou, e no ano seguinte, com a benção alcançada, foi
organizada a primeira procissão do Círio de Nazaré em Pirabas no ano de 1942.
Texto
e Foto: Paulinho Pinheiro/ASCOM PIRABAS
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