domingo, 21 de janeiro de 2018

Sincretismo. Rei Sabá e São Sebastião, as personalidades do mês em Pirabas





oferendas á Pedra Mística do Rei Sabá.Foto: Rovilson Sousa
São João de Pirabas é a terra onde o rei, o santo e o orixá se encontram. A data é comemorativa a Sebastião, tanto o monarca lusitano quanto ao mártir católico, que para os povos afro amazônidas é Oxossi.
É no dia 20 de janeiro que o município pesqueiro no nordeste paraense recebe centenas de pessoas entre religiosos, turistas, estudantes, além do povo nativo que se mobiliza dias antes para a celebração ao mítico Rei Sabá, representado por uma pedra natural esculpida em cima de um platô de pedras cenozoicas, que guardam ainda um sitio paleontológico, na praia do castelo, ilha da Fortaleza.
Umbandistas em procissão com a imagem de São Sebastião
A festa teve inicio no final da tarde de sexta-feira (19) com a procissão dos adeptos de religiões de matriz africana saindo da residência da mãe de santo “Rita de Oxossi”, no bairro do União, para a igreja Matriz, onde foi realizada a missa em celebração a São Sebastião, soldado cristão, morto por ordem do império romano no século III. A procissão e a missa representam a tolerância e o respeito à diversidade religiosa na Amazônia. Para o filho de santo Jucival Dias "esse ato simbólico é a demonstração de que num país multifacetado como o Brasil, é possível a harmonia e o respeito entre as religiões". 
Irmanados na mesma devoção a Sebastião, o soldado mártir
Durante o sábado pela manhã nem mesmo a chuva desmotivou a vontade do povo de atravessar para o outro lado da baia e passear pelas tranquilas águas do rio Pirabas, contemplando a beleza dos manguezais e das praias típicas do litoral paraense.
A festividade do rei Sabá na praia da Fortaleza, assim como acontece em todas as festividades, tem dois momentos: o profano e o sagrado.
Os tradicionais batuques quebram o silêncio da ilha
Para chegar a onde está a pedra monumento ao Rei Sabá, o visitante pode optar pelo serviço de moto taxi ou se preferir, fazer uma caminhada de aproximadamente de 3 km. Tempo e distância que podem ser bem aproveitados para meditar e contemplar as belezas do lugar.
Segundo estudiosos, a celebração neste lugar possui registros dos tempos do Brasil imperial, pois navegantes que viajavam pela costa do Pará registraram em seus diários de bordo, a existência de algum tipo de manifestação onde está pedra do Rei Sabá. Porém, não se sabe a quem, naquela época, a celebração era devotada. A festividade como a conhecemos nos dias de hoje é mais recente, vem do final da década de 60, inicio dos anos 70.
Música e dança fazem parte do ritual aos encantados 
É nesse platô de pedras, que se sobressai uma outra, que antes de sofrer reparos em sua base, do ponto de desembarque na praia, ao ser avistada tinha-se a impressão de um homem sentado de costa para o mar em sentido de meditação. Para os umbandistas e adeptos da pajelança cabocla, trata-se de um rei, o monarca da dinastia de Aviz, que após ser derrotado pelos Mouros no norte da África, entrou num portal da encantaria e veio parar no litoral brasileiro, onde segunda a lenda, construiu duas moradas; o seu trono na praia do castelo, ilha da fortaleza em Pirabas e seu palácio nos lençóis maranhenses.
Os grupos religiosos cantam, dançam e fazem oferendas depositando bebidas, frutas, cigarros, bombons entre outros objetos na pedra que acreditam ser o rei encantado. Outros monumentos também recebem visitas, mesmo quando a ação do tempo e o vandalismo encarregam-se de destruir algumas estátuas que faziam parte do complexo.
O lado profano da festa tem no carimbó o seu principal ritmo
Após o ato religioso a festa continuou com apresentação de grupos folclóricos da região com os ritmos carimbó e também de musica mecânica com os singles do momento. Muita gente aproveita para ganhar uma renda extra com vendas de frutas, bebidas e comidas típicas.

Fotos: Rovilson Sousa
Parceria com site diaenoiteporai

      

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